Já tiveram início (27.09.2010) as obras de conservação, restauração e adaptação do edifício “Simplício Dias” pelo IPHAN, Ministério da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal de Parnaíba. O término está previsto para o dia 27 de julho de 2011, num prazo, portanto, de 300 dias. As obras visam a instalação do Museu “Simplício Dias”, Arquivo Público Municipal e Escritório Técnico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São gastos R$ 951.611,37. É oportuno lembrar que a Prefeitura Municipal já havia tombado e desapropriado o referido patrimônio na segunda gestão do prefeito Dr. José Hamilton, através do decreto municipal n.º 701/2007, que declarou de utilidade pública, sendo o secretário municipal da cultura, Arlindo Leão. A ação de desapropriação foi emitida no dia 28 de fevereiro de 2008, com valor em torno de R$ 98.388,16, oriundo dos recursos próprios da Prefeitura. O Governo do Estado também baixou um decreto desapropriatório do local. A professora Maria da Penha Fonte e Silva e Euclides Miranda são autores dos textos que seguem esta notícia histórica, importantes por narrar a importância e o valor do imóvel para a cidade de Parnaíba. A Casa Grande da Parnaíba Ali, à Rua Monsenhor Joaquim Lopes, antiga Rua da Glória, esquina com a atual Avenida Presidente Vargas fica situada a Casa Grande da Parnaíba, construção bi-secular, pois remonta ao século XVIII, com três pavimentos. É o prédio de maior valor histórico da cidade juntamente com a Catedral de Nossa Senhora da Graça! É preciso não confundir. A casa solarenga com a frente para a Avenida Presidente Vargas é o sobrado Vista Alegre, não faz parte do histórico sobrado dos Dias da Silva, que é um só bloco com seis janelas de sacada e uma porta larga e é a mais alta. A Casa Grande foi construída por Domingos Dias da Silva, o afortunado português que se fixara na feitoria do Porto das Barcas, lá pelos idos de 1758, com numerosa escravatura e fundando charqueadas onde eram abatidos anualmente 12 mil bois. Este sim é o famoso Solar dos Dias da Silva. Foi construído para residência de sua família, e atraiu para sua vizinhança outras pequenas construções. É fantástica e envolvida em pitorescas lendas a história da Casa Grande, reflexo das narrações orais e estórias exorbitantes, principalmente em torno de Simplicio Dias, atribuindo-se-lhe grande fama de riqueza, esbanjamento e crueldades. A Casa Grande foi o foco das reuniões sociais da vila de São João da Parnaíba, que brilhavam pelo fausto e pelo luxo das suas festas e recepções. Nela foram forjados os ideais; sim, os ideais e os planos do movimento da independência que culminou com a epopéia de 19 de outubro de 1822, pois lá, os independentes se reuniam para os seus conciliábulos. A Casa Grande é relicário de nossas tradições. Os Dias da Silva, seus proprietários, se destacaram com proeminência na política, na sociedade, na região e na economia. Na política, pela ação que desenvolveram chefiando movimentos sobretudo os que visavam autonomia da Colônia. Na sociedade, pela grandeza e pelo brilho fausto da Casa Grande. Na economia, pelo acúmulo de capitais, sempre dominando o ambiente amparado em sua grande escravatura a religião, pelo notável trabalho que desenvolveram na Igreja de Nossa Senhora da Graça, hoje a nossa querida e veneranda Catedral, sobretudo na Capela do Santíssimo Sacramento onde os três – Domingos Dias da Silva, Simplicio Dias da Silva e Raimundo Dias da Silva estão sepultados. Foram construídas Galerias internas ligando a Casa Grande à Matriz, onde toda a família Dias da Silva ia assistir os atos religiosos. Era, pois, uma passagem ligando precisamente à capela do Santíssimo Sacramento, a chamada Capela dos Dias da Silva. É secular a história fantástica da – Casa Grande – reflexo de narrações extraordinárias, criadas pela imaginação popular em redor de Simplicio Dias da Silva e de sua Família, atribuindo-se lhes o inverossímil nas crueldades e na riqueza. Na realidade, a Família de Simplicio Dias (pai – Domingos Dias da Silva) e filho, duas figuras se destacaram em Parnaíba, entre 1780 a 1829, era a mais importante do Estado e talvez na redondeza do Norte. Maranhão e Ceará. Ambos (pai e filho) fizeram-se centro de uma movimentação no Piauí, pelas suas atividades no comércio e indústria, pelo desenvolvimento que deram as charqueadas, oriundas pela sua grande criação de gado. Na economia, pela acumulação de capital, dominando o ambiente, amparado em uma grande escravatura. Na política, pela ação pública que desenvolveram, chefiando movimentos que visavam a autonomia de seu País. Na sociedade, pelo contato constante das famílias sendo a Casa Grande o foco dos entretenimentos sociais, brilhando pelo fausto de sua recepção e festas. E na religião, pelo trabalho notável, construindo o grande templo de Nossa Senhora das Graças, ainda hoje um dos melhores do Estado. Desaparece Domingos Dias em 1798, seu filho assume a direção da Casa Grande, educado em Portugal, esteve na França, Regressou à sua Pátria, imbuído das idéias liberais revolucionarias, logo após a Revolução Francesa. Muito embora os perigos chefiou a ação libertadora em prol da Independência no Piauí. Sua residência era o ponto de convergência de toda a agitação que se operou naquela época. Nos salões da Casa Grande compareciam os homens de destaque da cidade, que muito o ajudaram no grande ideal de libertação Dr. João Candido de Deres e Silva mineiro que viera para o Piauí desempenhar o cargo de Juiz de Fora, com a jurisdição de Parnaíba a Campo Maior, foi o seu maior auxiliar com o concurso de Domingos Dias da Silva (não era o Pai) – de José Ferreira Meirelles, Bernardo Antonio Saraiva, Ângelo da Costa Rosal, Bernardo de Freitas Caldas e Joaquim Temóteo de Brito. Em 19 de outubro de 1822, esses patriotas proclamam no mais importante edifício público da cidade, no Senado da Câmara, onde hoje está o Telégrafo Nacional, à Praça da Graça, a liberdade política e a consagração de Pedro I, Imperador do Brasil. Como tudo fenece na face da Terra, a Família Dias da Silva foi se dissolvendo, existindo hoje somente rebentos na terra de Simplicio Dias da Silva deu brilho e valor. A antiga Casa Grande hoje lembra apenas o passado que se distancia cada dia na marcha do tempo. E como ação demolidora da picareta e do martelo pode destruir aquilo que de concreto ainda existe desse período histórico, propugnemos para que os Poderes Públicos chamem a si esses dois edifícios que se erguem à Rua Grande e à Travessa da Glória, indenizando os atuais donos na proporção do valor atual; e conservando as linhas gerais do estilo daquela época, os considere próprios do Estado ou do Município; com a utilidade de servir a repartições públicas, homenagem do Estado, a Simplicio Dias, cujo túmulo se acha em nossa Catedral, cercado do respeito público. |
Casarão Simplício Dias
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Restauração Sobrado Simplício Dias
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