Numa noite, por volta de 1817. Um navio entra pela baía de Amarração, na costa piauiense, e sobe o Rio Igaraçu. Traz sinal secreto, que é correspondido da margem do rio.
Antes de se aproximar do Porto das Barcas, a uma légua da vila da Parnaíba, um bote veio recepcioná-lo. Alguns caixotes são retirados do navio. O bote some misteriosamente aproveitando o silêncio e a escuridão, levando livros e jornais proibidos, e correspondências secretas. Pela manhã, o navio está ancorado no Porto das Barcas, e importante passageiro francês, com disfarce de comprador de algodão, é hóspede do senhor da Casa Grande.
Durante o final do século XVIII e início do XIX, os moços ricos do Brasil, ambiciosos de um diploma superior, estavam na Europa. Coimbra, em Portugal, e Montpelier, na França, eram os destinos escolhidos pela maioria dos estudantes brasileiros. Na França e Inglaterra, esses jovens ilustrados com a filosofia do Século das Luzes sonhavam com a liberdade do Brasil. Eram leitores de livros perigosos como os de Voltaire, Rousseau, Descartes, Condilac, Diderot e d’Alembert. Estes livros eram item do considerável comércio ilegal entre brasileiros, ingleses, franceses e holandeses. Jornais incendiários, como o Correio Braziliense de Hipólito José da Costa, e O Portuguez de João Bernardo da Rocha Loureiro, espalhavam as ideias liberais nos chamados “jornais de Londres”. Hipólito José da Costa foi Grão-Mestre Provincial na Inglaterra. Entre os jovens estudantes brasileiros na Europa, estava Simplício Dias da Silva.
Ao regressar para Parnaíba, Simplício Dias passou a se comunicar com as sociedades secretas. Apoiados pela Inglaterra, esses grupos iriam buscar a autonomia do Brasil, se não fosse como Reino Unido a Portugal, haveria de ser como país independente. Formariam o Partido Brasileiro.
Como grande negociante e dono de navios, Simplício Dias mantinha contato com os grandes personagens que fizeram a Independência do Brasil. Na Revolução Pernambucana de 1817, foi executado o seu amigo Domingos José Martins, benemérito, em 1815, do “Correio” da Parnaíba, uma franquia do Correio do Ceará. Antes de ser fuzilado Domingos José Martins disse: “Morro pela liberdade!” Muitos liberais e irmãos maçons foram hóspedes de Simplício Dias, como o inglês Henry Koster, e o francês Louis-François de Tollenare. Henry Koster, agente da maçonaria internacional, entre os anos de 1805 e 1815, foi o coordenador da Revolução Pernambucana. Em 1811, em São Luís, onde Simplício Dias tinha grande empório, aconteceu encontro entre o negociante parnaibano, José Gonçalves da Silva comerciante maranhense, e Henry Koster. Pedro Calmon, em História da Civilização Brasileira, diz: “Ele [Koster] devia entender-se com Hipólito da Costa e obter o apoio da nação inglesa”.
Na Casa Grande da Parnaíba, aconteciam os encontros, entre irmãos confrades veneráveis, donatos e leigos. Simplício Dias, o juiz João Cândido de Deus e Silva, José Francisco de Miranda Osório, Leonardo de Carvalho Castelo Branco, o major Bernardo Antônio Saraiva, o capitão Honorato José de Morais Rego, Manoel Antônio da Silva Henriques, João José de Sales, e tantos outros, fizeram luzir no Norte do Brasil, a chama da Independência. Com eles, foi criada a primeira loja maçônica do Piauí, a Independência, da Linha Vermelha de Joaquim Gonçalves Ledo, que queria também o regime republicano e o fim da escravidão. Gonçalves Ledo tinha como codinome Diderot, iluminista francês co-autor da Enciclopédia.
Assinatura de Simplício Dias da Silva e Manoel Antônio da Silva Henriques, em documento enviado a Dom João VI, em 1805, solicitando a criação da Alfândega do Piauí.
Simplício Dias da Silva, refinado jacobino e pedreiro livre, sobre o piso da Loja Maçônica Independência, na vila de São João da Parnahiba. Imagem do Almanaque da Parnaíba. À direita, frontispício do livro Cartas sobre a Framaçonaria, de Hipólito José da Costa, Londres, 1805, mas declarando-se falsamente Madrid.
Com a criação, no Rio de Janeiro, da sociedade secreta Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz, em 2 de junho de 1822, Dom Pedro foi o seu Grão-Mestre. Com o pseudônimo de Guatimozim, o último imperador asteca morto pelos espanhóis, quis mostrar alma americana. Do seu legado maçônico destaca-se o Hino Maçônico Brasileiro, para o qual escreveu música e letra. Amante dos franceses ilustrados, Simplício Dias, se deu o nome simbólico de irmão Filósofo Pensador; José Francisco de Miranda Osório, Tapuia Independente, como Mandu Ladino, o índio guerreiro das matas piauienses. Todos se comunicavam com os seus devidos codinomes. Em Prosa Poesia Iconografia, diz Rubem Almeida: “Seria que Bonifácio confidenciasse, em ambiente francamente hostil, difícil missão guerreira ao Juiz-de-fora João Cândido de Deus e Silva e ao Coronel Simplício Dias da Silva, assim como delicado papel de guarda dos segredos”. José Bonifácio atendia aos irmãos maçons, como Tibiriçá, o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta.
O Decreto de 19 de junho de 1822 declarou Dom Pedro Imperador Perpétuo do Brasil e Dom João Imperador dos Reinos Unidos de Portugal, Brasil e Algarves. Foi esse decreto que movimentou os parnaibanos, que o receberam com júbilo. Já em agosto de 1822, o Brasil era considerado independente pelos irmãos liberais. Em 1° de agosto de 1822, Dom Pedro assinou manifesto redigido por Gonçalves Ledo com notável trecho: “Não se ouça entre nós outro grito que não seja União! Do Amazonas ao Prata não retumbe outro eco que não seja Independência!”
O dia 12 de outubro de 1822 foi escolhido pela maçonaria para aclamação pública de Dom Pedro como imperador, data que todas as lojas maçônicas deveriam proclamar a Independência. No Rio de Janeiro, no Campo de Santana, cerimônia sagrou Dom Pedro Imperador Constitucional do Brasil. Algumas vilas respeitaram o secretamente combinado. Mas, já se passavam seis dias, e nas reuniões da Casa de Câmara da Parnaíba, os patriotas não chegavam a um acordo. Simplício Dias da Silva, retomando o controle da vila, e a frente das tropas de 1ª e 2ª linhas, exigiu que fossem respeitados os ofícios de José Bonifácio. No dia 19 de outubro de 1822, com os patriotas no Paço da Câmara, diante das tropas perfiladas, foi proclamada – “a Regência de Sua Alteza Real, a Independência do Brasil, e sua União com Portugal, e as futuras Cortes Constituintes do Brasil”. Com uma salva de tiros da artilharia e o repicar dos sinos, o povo se manifestou em calorosas aclamações. Assim, a vila da Parnaíba lançou o clarão que iluminou o Norte para as lutas em prol do Brasil.
No dia 23 de outubro, o Senado da Câmara da Parnaíba comunicou sua Proclamação a Campo Maior e convidou esta vila a aderir à causa do Brasil. Mas, o Piauí e o Norte do Brasil eram estruturas secundárias portuguesas. O Pará, primeiro a aderir à Revolta do Porto de 1820, recebeu como prêmio o estatuto de Província de Portugal. Agora, todos contra a Vila da Parnaíba. A Junta do Maranhão lançou manifesto dizendo que o povo não deveria se deixar seduzir com a independência, pois nenhuma relação tinha com o Sul do Brasil. As três províncias, Piauí, Maranhão e Pará, firmaram pacto de ajuda mútua, enviando tropas para Parnaíba, com o fim de sufocar o movimento emancipacionista. De Oeiras, veio o sargento-mor João José da Cunha Fidié e tropa de 1500 homens. De São Luís, navios de guerra. Não podendo combater esta força militar, e evitando inútil derramamento de sangue, os patriotas parnaibanos passaram estrategicamente para o Ceará, já praticamente ligado ao Brasil, pudendo desfrutar confiança.
Ao chegar à Parnaíba, Fidié fez prisioneira a família de Simplício Dias, que foi ameaçada de morte. Fez a Câmara da vila, renovar juramento à Constituição portuguesa. Os bens do senhor da Casa Grande, incluindo as oficinas e navios, foram destruídos e queimados. Fidié fez-se dono da casa do sítio da Ilha Grande de Santa Isabel, e com o gado, antes destinado à produção de couro e charque, alimentava seu exército. O major Bernardo Antônio Saraiva e a sua cavalaria, denunciados pelos portugueses da vila da Parnaíba como partidários brasileiros, foram deslocados exemplarmente para Oeiras, fato que Fidié reconheceu, depois, como grande erro estratégico. Lá na capital, o regimento parnaibano passou as luzes da Independência, e colaborou para a adesão do Piauí, à causa nacional.
No Ceará, o juiz-de-fora João Cândido de Deus e Silva, Simplício Dias da Silva e os demais patriotas negociaram a vinda de tropas, em socorro ao Piauí e ao Norte do Brasil. As primeiras tropas vieram, para o Piauí, comandadas por Leonardo de Carvalho Castelo Branco e José Francisco de Miranda Osório, um contingente de 600 homens. Cruzaram a Serra da Ibiapaba, e no dia 22 de janeiro de 1823, tomaram a freguesia de Piracuruca dos portugueses. Dois dias depois, Leonardo leu extenso e vibrante termo de Proclamação onde dizia que “Um pé de exército de quatro a seis mil homens vai fazer o mesmo em Campo Maior; há mais um corpo de observação para conter o inimigo, a quem inquieta com contínuas correrias pela costa” [grifo nosso]. A campanha militar já tinha se iniciado no litoral piauiense.
Juiz-de-fora doutor João Cândido de Deus e Silva, alferes Leonardo de Carvalho Castelo Branco eleitor de paróquia da vila de São João da Parnaíba, e major José Francisco de Miranda Osório, próceres do 19 de Outubro de 1822. Irmãos confrades da Loja Independência.
No dia 24 de janeiro de 1823, o Piauí aderiu oficialmente a Independência do Brasil, fato que determinou Fidié marchar contra a capital Oeiras. No dia 1º de fevereiro, foi preso, no Maranhão, onde fazia propaganda patriótica na vila do Brejo, Leonardo de Carvalho Castelo Branco, depois remetido para prisão do Limoeiro, em Lisboa, Portugal. No 10 de março, travou-se a Batalha da Lagoa do Jacaré próximo a Piracuruca; no 13 de março, a Batalha do Jenipapo, em Campo Maior. No 30 de abril, foi preso no Maranhão, o português Manoel Antônio da Silva Henriques, acusado de passar informações sigilosas para os parnaibanos que estavam no Ceará.
Embora vencedor absoluto na Batalha do Jenipapo, Fidié teve parte dos seus petrechos de guerra roubados pelos patriotas, o que resultou na sua passagem para o Maranhão, no dia 29 de março de 1823, indo buscar reforços na vila maranhense de Caxias. Antes, remeteu ofício ao Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Guerra, Cândido José Xavier, sobre as batalhas travadas com os revoltosos adeptos da independência do Brasil, a conquista da vila de Campo Maior e as baixas havidas. Direto do porto de Estanhado, hoje cidade piauiense de União, com data de 22 de março de 1823.
Seguiram-se as lutas, agora no Maranhão, que resistia à Independência do Brasil. Em abril, Simplício Dias retornou do Ceará para Parnaíba, acompanhado de tropas cearenses, pernambucanas e do 2º regimento de Cavalaria da Parnaíba sob o comando do major Bernardo Antônio Saraiva. Esta corporação esteve presente em todos os momentos do processo de Independência no Piauí, incluindo o 24 de janeiro em Oeiras, e o 13 de março em Campo Maior. Hoje, o major Bernardo Antônio Saraiva é patrono do 2º Esquadrão de Polícia Montada da Parnaíba, no Batalhão Major Osmar.
Simplício Dias mantinha Dom Pedro informado, e deste recebeu carta imperial informando que marchasse contra São Luís. Mas, Simplício Dias e tropas já estavam no Maranhão, aonde defenderam a Independência do Brasil, de Carnaubeiras no Delta do Parnaíba, até Icatu, vila limítrofe a São Luís. Os brasileiros reduziram forças da capital maranhense, em grande peleja que ficou para história como o Cerco do Itapecuru, impedindo que reforços chegassem até Caxias, onde estava Fidié. No início de julho, o jornal O Conciliador, órgão oficial da Junta Portuguesa Governativa do Maranhão, revelava a situação agonizante dos portugueses em São Luís, sitiados pelas forças nortistas da Independência.
Em 2 de julho de 1823, a Bahia ficou livre do jugo lusitano das tropas do general português Madeira de Melo, depois de mais de um ano de combates expressivos, como nas batalhas de Itapoam, Cabrito e Pirajá. Para Portugal, a Bahia era o centro estratégico das lutas contra a Independência do Brasil, onde criou a Legião Constitucional Lusitana. Os portugueses encurralados no morro das Tabocas, nos arredores de Caxias, resistiram ao cerco implacável até 28 de julho de 1823, depois de grandes combates como os dos dias 16, 17, 18 e 19 de julho. Neste último, quando os brasileiros despejaram fogo sobre Caxias, Fidié empenhou-se desesperadamente, em combate que arrefeceu com o anoitecer. Em São Luís e Belém, o almirante Lord Thomas Chrocane fez tremular a bandeira imperial, depois de impedir que as tropas de Madeira de Melo expulsas da Bahia, chegassem até o Norte do Brasil. Consolidada a Independência do Brasil, Simplício Dias, em janeiro de 1824, dispensou os serviços das tropas, pagando aos soldados um mês de soldo adiantado.
Como reconhecimento pelos seus feitos, Simplício Dias foi condecorado pelo Imperador Dom Pedro I, na Imperial Ordem do Cruzeiro, e nomeado como o primeiro presidente da Província do Piauí, tendo como secretário o cônego Antônio Fernandes da Silveira. Declinou do cargo. Como Gonçalves Ledo, o Filósofo Pensador não quis servir à monarquia autoritária de Dom Pedro, que deu o primeiro golpe de estado no Brasil, quando dissolveu a Assembleia Constituinte, retornando o absolutismo.
Em ensaio, Herminio Conde de Brito afirma que, Simplício Dias “Imensamente rico e viajado, hóspede da França post-revolucionária, as ideias liberais trazidas da Europa, ele as sobrepõe, com entusiasmo, aos próprios interesses, e aos da sua família. Arruína-se no financiamento da guerra pela libertação do Brasil. Sobre os destroços da sua riqueza, edifica-se a unidade da pátria [grifo nosso]. Consolidado o poder luso nas mãos hábeis e enérgicas de Fidié, quem o abateria um ano depois? O momento histórico de romper com a metrópole – lembra Abdias Neves – era esse, e lança o dilema ou o coronel Simplício Dias proclamava a Independência nessa ocasião, ou se deixasse de fazê-lo é possível que mais tarde, tomadas providências, não mais triunfasse a revolução, e outro, bem outro [grifo nosso], fosse hoje, o estado desta parte do Brasil.”
No 1° de novembro de 1823, Simplício Dias escreveu longa carta ao Imperador Dom Pedro I, agradecendo a honrosa comenda, e relatou os pormenores da proclamação de 19 de outubro de 1822, na vila da Parnaíba: “nada poupei para conseguir a liberdade do Piauhy e promover a do Maranhão”. Simplício Dias da Silva figura entre os ilustres maçons brasileiros, citado no Livro Maçônico do Centenário de 1922, mereceu ter o seu nome em placa, como um dos próceres da Independência do Brasil, no Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Parnaíba foi honrosamente agraciada com o título imperial de Metrópole das Províncias do Norte, por ter sido a primeira vila a proclamar a Independência no Norte do Brasil. O dia 19 de Outubro, reconhecido pelo Imperador Dom Pedro I, é O Dia do Piauí – Lei Estadual Nº 176 de 30 de agosto 1937.
História e Memória
Espaço destinado a pesquisas a respeito da "Casa Grande" de Parnaiba
Casarão Simplício Dias
segunda-feira, 20 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Casa Grande será transformada em museu...
Casa Grande onde morou Simplício Dias da Silva |
A casa grande de Simplicio Dias da Silva em Parnaíba, será transformada em um museu que contará um pouco da vida de um dos primeiros a lutar pela independência do estado do Piauí.
A obra de transformação, da antiga residência situada na avenida Presidente Vargas, custará o valor de R$ 961.611,37. As informações foram do secretário municipal de infra-estrutura de Parnaíba Antonio de Pádua Melo, que acrescentou que a empresa vencedora da licitação foi a OF Transporte Ltda. Antônio, disse que a obra está dentro do prazo de ser iniciada, e que a cidade ganhará muito mais com esse museu, isso porque, além de ser uma obra que valoriza a história do nosso estado, “é também algo nunca visto” disse o secretário.
Durante a execução das obras, os arredores será interditado, tendo em vista que a obra necessita de muito cuidado, por se tratar, de um prédio muito antigo. A previsão é de que em 2011 tudo esteja pronto.
Desapropriação:
A desapropriação do imóvel foi fundamentada no Decreto Municipal nº 701/2007 que declarou a Casa Grande de utilidade pública para fins de desapropriação. O plano da Prefeitura com Fundação Cultural do Piauí (Fundac) objetivou restaurar o local respeitando todas as características físicas e de época para nele instalar um Centro Cultural com área reservada para a instalação o Museu da Parnaíba. O valor da desapropriação da Casa Grande, onde morou Simplício Dias da Silva, discutida através de processo judicial, gira em torno de 98 mil reais.
Um pouco de História...
A Casa não se ergueu,nem se vantajou como um grande FEUDO,a maneira da CASA DA TORRE,do recôncavo baiano da família GARCIAD'AVILA que principalmente conquistava tratos de terras desde a Bahia até os confins da capitania do Piauí,mas amainando gados,próprios para xarqueadas,sem despresar a aquisição de terras,por concessões e compra de sesmarias norte da província,poucas no Maranhão e quase nenhuma no Ceará.
Foi com as xarqueadas que a CASA enriqueceu e neste aspecto,é que se sobressai a pessoa de Domingos Dias que não sendo de finas letras,tinha consigo,entretanto o senso da realidade,de pouca conversa e muita ação.
A absorção pelos negócios não fez Domingos Dias esquecer o sentimento religioso de que era possuido e par lhe dar real significação,ergueu em lugar anexo á CASA GRANDE,com comunicação interna o templo dedicado a N.S.Das Graças,que ainda hoje ostenta sua imponência.começado em 1770 sua terminação só se fez em 1793 isto é vinte e cinco anos depois.
Ao morrer deixou em plena prosperidade indústria dos xarques e seus cabedais,vultuosos para a época.está sepultado na capela do S.S. Sacramento do pemplo de N.S.das Graças,a mais rica do estado.
A Casa Grande com a morte de Domingos Dias,não enfraqueceu.legando sua fortuna aos filhos do casal,únicos de seu casamento com D. Maria Gonçalves-Simplicio Dias da Silva e Raimundo Dias da Silva.
A Casa Grande de Simplicio Dias foi residência de Simplício Dias da Silva, um dos mais importantes vultos da história do município, por ter liderado a expansão econômica de Parnaíba no clico da charqueada, no século XVII, e participado ativamente do movimento pela inclusão do Piauí e outros Estados no processo de Independência do Brasil, entre outras lutas. Era filho do Português Domingos Dias da Silva, um dos primeiros desbravadores da região, e foi também o principal donatário para a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça, na Praça da Graça.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
A "Casa Grande" de Parnaiba....
No palacete residencial dos Dias da Silva, que fica localizado no cruzamento da Rua Monsenhor Joaquim Lopes, número 625, esquina com a Avenida Presidente Vargas, a "Rua Grande" de Parnaíba, funcionarão a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), um museu, duas salas de café e um centro cultural. O imóvel abrigou as mais importantes reuniões políticas e sociais da nossa cidade no século XVIII. Depois de décadas de muita luta de entidades locais que militam pela preservação do espaço, um dos mais valiosos para a história de Parnaíba, a Casa Grande finalmente passa por uma restauração e reforma.
ALMANAQUE DA PARNAIBA por J. Euclides de Miranda
A "Casa Grande" de Parnaiba
ação-econômica-político-social,religiosa-decadência-desaparecimento
durante o império a vida social de muitas paragens deste imenso país formou-se no sentido do predomínio de famílias que visavam sobre tudo, tornarem centro do mando político e econômico,baseadas na escravatura que lhes dava a força necessária para coexistirem.A Casa Grande de Parnaiba que tomou corpo no fim do século XVIII e se solidificou no século passado,foi centro único de gravitação na capitania e depois província do Piaui,com reflexos evidente nas duas do Maranhão e do Ceará seu prestígio corria mundo desde os lindes do Grão-Pará,para chegar a capital da colônia e ás plagas do Rio Grande do Sul.
Originou-se de um homem português,que como qualquer outro emigrante que trouxeras de Portugal par a nova pátria o sentimento de ganho que arraigado
nesse país se aprofunda na nova terra com possibilidade de conquista pelo
amealhar de cabedais.Assim em época um tanto afastada,em 1768,
DOMINGOS DIAS DA SILVA
procedente de petronellos em Portugal,filho de JOÃO DIAS DA SILVA
e de D. MARIA GONÇALVES já adventício no rio Grande do Sul
e com alguma fortuna,ouro,prata aportou ao minúsculo povoado de Parnaiba
nas terras brancas do TÉSTA-BRANCA,pequeno aglomerado,início da cidade
as margens do rio Igaraçú do delta do rio das garças(rio Parnaiba).
quarta-feira, 8 de junho de 2011
a memória é fraca e tênue como o corpo;
o que reluz d'outrora agora, muito pouco...
A voz d'antanho tange numa voz de morto...
O poema é faca de ponta que escava em vão.
A lua, no entretanto, que no céu circula,
é a mesma d'outrora e na lâmina tremula.
(MEMORIAL DA CIDADE AMIGA – A. C. F.)
I. INTRODUÇÃO
Onde fica a Casa Grande da Parnaíba? Que edifício corresponde a ela?
Não, não se trata de brincadeira ou pegadinha. A indagação é pertinente porque as
respostas ou esclarecimentos sobre o assunto são tão conflitantes que saí das minhas pesquisas
de fim de semana cheio de dúvidas.
O leitor, portanto, deve cessar agora a leitura se imaginar que darei a resposta.
Em verdade, pretendo apenas mostrar e demonstrar como os livros, revistas, jornais
e documentos por mim (re)lidos recentemente tratam do tema de forma contraditória.
A confusão começa com a variedade de denominações usadas para designar o
sobrado construído em duas etapas, entre 1758/1770, para servir de residência de Domingos
Dias da Silva: Casa Grande da Parnaíba, Solar dos Dias da Silva, Casarão de Simplício Dias,
Casarão dos Dias da Silva, Solar Casa Grande.
A pergunta – qual o sobrado que representa a Casa Grande da Parnaíba? - vem
sendo respondida pelos pesquisadores e historiadores de três maneiras:
1ª) é o edifício voltado para a Rua Grande, atual Avenida Presidente Vargas, com as
linhas arquitetônicas razoavelmente preservadas;
2ª) é o edifício descaracterizado nas linhas arquitetônicas e situado na Rua
Monsenhor Joaquim Lopes (antiga Rua da Glória), próximo da Igreja de Nossa Senhora da
Graça;
3ª) é o conjunto dos dois edifícios, funcionando o da Avenida Presidente Vargas
como dependência ou anexo da Casa Grande.
II. OPINIÕES VAGAS E/OU CONTRADITÓRIAS
Existem autores que não primam pela clareza ao opinarem sobre o assunto e até os
que caem em contradição, como se observa nos seguintes exemplos:
Em 1884, de passagem na cidade da Parnaíba, visitamos a
casa solarenga de Simplício Dias da Silva, um vasto prédio de sobrado,
situado na Rua Grande, com comunicação interna para a Igreja Matriz
…
(F. A. Pereira da Costa – CRONOLOGIA HISTÓRICA DOS
ESTADO DO PIAUÍ, p 225/226)
Data desta época o esplêndido nicho, trabalho português,
em pedra de Dioz, colocado na quina da Casa Grande (…)
Próxima à Casa Grande erguia-se a Igreja Matriz,
construída pelos Dias da Silva e a ela ligada por uma galeria.
(BRANCO, Renato Castelo. TOMEI UM ITA NO NORTE.
São Paulo, L. R. Editores Ltda., 1981, pág. 24)
Os dois renomados escritores reportam-se à Casa Grande como sendo o prédio
localizado na Rua Grande (Avenida Presidente Vargas), ao tempo em que ressaltam a
comunicação interna entre ele e a Igreja de Nossa Senhora da Graça, situação difícil de ser
concebida, se se considerar o fato de que entre o prédio da Rua Grande e a Igreja existe o
sobrado da Rua Monsenhor Joaquim Lopes.
Sem referir-se ao nome da rua em que está situado, Carlos Eugênio Porto fornece
uma só pista a respeito do prédio famoso – a ligação interna entre ele e a Igreja:
Simplício Dias (…) era dado a extravagâncias asiáticas
como a construção daquela galeria ligando a Igreja ao palácio, a
respeito do qual se teciam lendas maravilhosas. (PORTO, Carlos
Eugênio. ROTEIRO DO PIAUÍ. Rio de Janeiro, Editora Artenova S. A.,
1974, p.76).
III. TRÊS INDICAÇÕES SOBRE A LOCALIZAÇÃO DA CASA GRANDE
Voltemos às três propostas de esclarecimento sobre qual é exatamente o sobrado
que representa a Casa Grande da Parnaíba.
De modo objetivo vejamos transcrições e comentários que abonam cada hipótese:
1ª HIPÓTESE: Casa Grande = sobrado da Avenida Presidente Vargas.
Este é o entendimento que prevalece no Instituto Histórico, Geográfico e
Genealógico de Parnaíba – IHGGP e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– IPHAN.
No âmbito do IHGGP posso citar como defensores da ideia de que a Casa Grande é
representada pelo sobrado da Avenida Presidente Vargas: Mário Pires Santana, Reginaldo
Pereira do N. Júnior, Régis de Athayde Couto, Sólima Genuína, Vicente de Paula Araújo
Silva, Dederot Mavignier, Renato Neves Marques e outros.
Coincidentemente esse grupo de intelectuais do IHGGP é o mesmo que vem
liderando o movimento que defende a ideia de se comemorar 300 ANOS DE HISTÓRIA DA
PARNAÍBA, correspondente ao período de 11-06-1711 a 11-06-2011, com base na criação,
fundação ou instalação da denominada e imaginária Vila Nova de Parnaíba, que nunca
existiu, pois é uma ficção do baiano dono de sesmarias – Pedro Leal Barbosa – , inexistindo
qualquer documento, ato ou lavratura oficial a respeito, e simplesmente trecho corroído pelo
tempo, com palavras ilegíveis, de mero traslado de carta, dirigida ao Bispo do Maranhão,
autoridade eclesiástica não competente, pois o território do Piauí estava ainda subordinado à
Diocese de Pernambuco, o que torna o “documento nulo de pleno direito. No mencionado
traslado de carta, de junho de 1711, é feito pedido de autorização para construção de Igreja ou
Capela não construída.
É importante salientar que há uma evidente confusão entre história administrativa
(vila) e história eclesiástica (freguesia ou paróquia), pois a data da carta, se realmente histórica
e verdadeira, pertence à Diocese de Parnaíba, que já possui e consagra 8 de setembro como
sua data magna , e não teria como abrigar outra data, no caso 11 de junho, a qual já pertence à
Marinha do Brasil.
Na mesma linha de pensamento do IHGGP, no que diz respeito à Casa Grande,
posiciona-se o IPHAN, como se verifica no livro CONJUNTO HISTÓRICO E
PAISAGÍSTICO DE PARNAÍBA (Teresina: Superintendência do IPHAN no Piauí, 2010, p.
50):
Outra edificação de destaque, talvez a mais importante
delas, é a antiga Casa Grande, ou Casa de Simplício Dias, como é
atualmente conhecida (…).
Apesar de bastante modificada no pavimento térreo, o
casarão ainda conserva praticamente intactos elementos
característicos nos dois pavimentos superiores (…). Outro elemento
interessante é o pequeno nicho aplicado ao cunhal.
O texto acima é seguido de duas fotografias da Casa Grande, com esta legenda:
Vista da Casa de Simplício Dias, antiga Casa Grande, a
partir da Av. Presidente Vargas e do terraço do Hotel Delta.”
2ª HIPÓTESE: Casa Grande = sobrado da Rua Monsenhor Joaquim Lopes.
Aqui a opinião predominante na Academia Parnaibana de Letras – APAL, que vem
lutando desde a sua fundação em 1983 pela conservação e restauração da Casa Grande e do
Palacete Vista Alegre.
A partir de 1985, a Academia recebeu e expediu diversos documentos (ofícios,
memoriais, cartas, relatórios) que tratam do assunto em tese.
Em fevereiro de 1985, o então Secretário Geral do Ministério da Educação,
Coronel Sérgio Pasquali, enviou uma carta (01-02-1985) ao Secretário de Cultura, Desportos e
Turismo do Piauí, deputado Jesualdo Cavalcanti Barros, e outra destinada ao escritor
parnaibano e membro da APAL Renato Castelo Branco (15-02-1985), das quais transcrevo os
seguintes trechos:
Brasília, 01 de fevereiro de 1985.
Dep. Jesualdo:
(…)
Informo que o MEC, através do FNDE, está liberando 350
milhões de cruzeiros para reequipamento da Fundação Cultural do
Piauí e compra e restauração da Casa Grande de Simplício Dias, em
Parnaíba.
Brasília, 15 de fevereiro de 1985
Meu caro Renato:
(…)
É também grande minha satisfação informar-lhe que
estamos liberando para a Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo
do Piauí a importância de 200 milhões de cruzeiros para a aquisição e
restauração da Casa Grande de Simplício Dias (Parnaíba), atendendo
a uma antiga aspiração sua, e mais 150 milhões para reequipamento
da Fundação Cultural do Estado.
Em razão das correspondências assinadas pelo Coronel Sérgio Pasquali, a APAL
elaborou em 1985 um memorial dirigido ao Secretário de Cultura, Desportos e Turismo,
deputado Jesualdo Cavalcanti Barros, nos seguintes termos:
Senhor Secretário:
A Academia Parnaibana de Letras, por sua Diretoria infraassinada,
toma a liberdade de expor a V. Exª o seguinte:
(…)
4. Que a Casa Grande dos Dias da Silva, localizada ao lado
da também histórica Catedral de Nossa Senhora da Graça, na Rua
Monsenhor Joaquim Lopes, às proximidades da Avenida Presidente
Vargas, é, assim, o local ideal e oportuno para transformar-se no
Centro de Cultura de Parnaíba, em cujas dependências poderão ser
abrigados o museu da cidade, um auditório, a sede da APAL e
biblioteca pública.
(…)
7. Por oportuno, segue em anexo a atual proposta de venda
do mencionado imóvel. O novo preço, traduzido em moeda corrente,
está expresso também em ORTN's.
8. O nosso confrade Renato Castelo Branco assegurou aos
companheiros Alcenor Rodrigues Candeira Filho e Cândido de
Almeida Athayde que tem todas as condições para conseguir da
Fundação Roberto Marinho os valores necessários para fazer face às
despesas com restauração, adaptação e pintura da Casa Grande.
Em 11-03-1985, uma Comissão da APAL, integrada por Cândido de Almeida
Athayde, Salmon Noronha Lustosa Nogueira e Lauro Andrade Correia, apresentou ao
Presidente João Nonon de Moura Fontes Ibiapina relatório com dados e informações sobre a
Casa Grande. Eis parte do teor desse documento:
(…)
A visita ao local nos levou a confirmar a existência e
separação nítida de dois edifícios, a saber:
a) Sobrado da atual Rua Monsenhor Joaquim Lopes, nº
629, com 3 pavimentos, próximo à Catedral, identificado como CASA
GRANDE dos Dias da Silva, construído por Domingos Dias da Silva
em 1770, e que serviu também de residência de seu filho – Simplício
Dias da Silva. O sobrado foi reformado e conservado, certo que a
reforma principal foi empreendida pelo então proprietário Sr. Rodrigo
Ricardo Coimbra.
b) Sobrado de esquina da Avenida Presidente Vargas com a
Rua Monsenhor Joaquim Lopes, próximo ao anterior, mas mais distante
da Catedral, identificado como Sobrado Vista Alegre, construído pela
família Silva Henriques, representada por Manoel Antônio Silva
Henriques, sobrinho de Domingos Dias da Silva, e seu filho Domingo
Dias da Silva Henriques. O sobrado, além de residência da família
Silva Henriques, foi residência de José Francisco Miranda Osório,
casado, primeiras núpcias, com Angélica da Silva Henriques, filha de
Manoel Antônio da Silva Henriques.
Ambos os edifícios possuem 3 pavimentos, mas facilmente se
verifica que a Casa Grande tem altura superior a 1,50m mais que o
sobrado Vista Alegre.
(…)
Não temos dúvida, em poder reafirmar que a CASA
GRANDE é o sobrado colonial, contíguo à Catedral, com 3
pavimentos, construído em 1770, se constituindo no mais importante
patrimônio histórico-cultural da cidade.
Em 14-06-1986, novamente a Academia se dirige à Secretaria Estadual de Cultura,
Desportos e Turismo, agora com novo titular, o Secretário Monsenhor Solon Correia de
Aragão.
O documento entregue ao Secretário Solon praticamente reproduz o teor do ofício
anteriormente encaminhado à mesma Secretaria e é assinado por toda a Diretoria da APAL, a
saber: José de Anchieta M. de Oliveira (Presidente), Caio Passos (Secretário-Geral) Bernardo
Batista Leão (1º Secretário) Raimundo Fonseca Mendes (2º Secretário), Maria da Penha F. e
Silva (1º Tesoureira), José de Lima Couto (2º Tesoureiro), Raul Furtado Bacelar
(Bibliotecário).
Em ofício datado de 06-08-1987 e destinado ao Governador Alberto Tavares Silva,
a APAL insiste na questão do tombamento da Casa Grande dos Dias da Silva.
Desse ofício constituído de cinco folhas e assinado por Lauro Andrade Correia
como presidente da Academia e pelo secretário-geral Alcenor Rodrigues Candeira Filho,
destaco este trecho:
Que assim, esta Academia tem opinião firmada no sentido
de que a Casa Grande dos Dias da Silva, localizada ao lado da também
histórica Catedral de Nossa Senhora da Graça, na atual Rua
Monsenhor Joaquim Lopes, nº 629, nas proximidades da Avenida
Presidente Vargas, é o prédio de maior valor histórico de Parnaíba,
com três pavimentos e construído na segunda metade do século XVIII
por Domingos Dias da Silva, para sua residência.
Em 1997, a APAL encaminhou ao prefeito Antônio José de Moraes Souza Filho
dois memoriais. O primeiro focaliza três assuntos: Biblioteca Municipal, Museu da Cidade e
Arquivo Público Municipal; o outro trata do Sobrado Vista Alegre.
Em ambos os documentos a APAL insiste em distinguir a Casa Grande do Sobrado
Vista Alegre. Esses memoriais foram assinados praticamente por todos os acadêmicos
residentes em Parnaíba: Lauro Andrade Correia, Alcenor Rodrigues Candeira Filho, Carlos
Araken Correia Rodrigues, Edmée Rêgo Pires de Castro, Francisco Iweltman Vasconcelos
Mendes, Francisco Pereira da Silva Filho, Israel José Nunes Correia, José de Anchieta Mendes
de Oliveira, Renato Neves Marques, Rubem da Páscoa Freitas, Salmon Noronha Lustosa
Nogueira e Cândido de Almeida Athayde.
As acadêmicas e historiadoras Maria Luíza Mota e Maria da Penha Fonte e Silva
externam com muita clareza as suas convicções sobre o tema.
Do livro PARNAÍBA, MINHA TERRA, da Maria da Penha (Parnaíba, 1987),
transcrevo trechos das págs. 41 e 50:
Na Rua Monsenhor Joaquim Lopes, antiga Rua da Glória,
esquina com a Avenida Presidente Vargas fica situada a Casa Grande
da Parnaíba (…) com três pavimentos (…). É preciso não confundir. A
casa solarenga com frente para a Avenida Presidente Vargas é o
sobrado Vista Alegre e não faz parte do histórico sobrado dos Dias da
Silva, que é um só bloco com 06 janelas de sacada e uma porta larga e
é a mais alta. (p. 41)
O sobrado colonial Vista Alegre está situado na Avenida
Presidente Vargas, ao lado da suntuosa Casa Grande da Parnaíba.
O Vista Alegre ainda conserva autêntica a sua arquitetura; é
mais baixo e pertencia a Manoel Antônio da Silva Henriques, parente
bem próximo de Domingos Dias da Silva (…). A fachada do sobrado
Vista Alegre não foi reformada como a Casa Grande e conserva suas
características coloniais (p.50).
Por sua vez, Maria Luísa Mota declara nos livros de sua autoria JOSÉ
FRANCISCO DE MIRANDA OSÓRIO E SEUS DESCENDENTES (Editora Henriqueta
Galeno, Fortaleza, 1980, p. 60) e PARNAÍBA NO SÉCULO XX (Gráfica Aley, Fortaleza,
1994, p. 62):
Sobrado Colonial Vista Alegre, ao lado da suntuosa e
secular Casa Grande de Simplício Dias.
Aí morou Miranda Osório …
Na Avenida Presidente Vargas o bicentenário sobrado Vista
Alegre, que pertenceu à família Miranda Osório …
Cito finalmente como defensor dessa segunda corrente de pensamento Cláudio
Bastos, em cuja gigantesca obra DICIONÁRIO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
ESTADO DO PIAUÍ, produto de 32 anos de pesquisas, está escrito sobre os dois sobrados em
questão:
PARNAÍBA: Os prédios mais antigos são: Casa Grande da
Parnaíba – sobrado de 3 pavimentos, construído entre 1768/70, por
Domingos Dias da Silva para sua resistência. Fica na rua Monsenhor
Joaquim Lopes, 129, junto ao sobrado Vista Alegre, que tem frente a
antiga rua grande atual avenida Presidente Vargas (…). Sobrado Vista
Alegre – 1740. Era propriedade de Manuel Antônio da Silva Henriques.
Ao lado da Casa Grande. Esquina da Rua Grande (Av. Presidente
Vargas) com rua Monsenhor Joaquim Lopes. 3 andares. Nicho no 2º
andar, com a imagem de Nossa Senhora da Conceição (…)
(BASTOS, Cláudio. DICIONÁRIO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO ESTADO DO PIAUÍ. Teresina, Fundação Cultural
Monsenhor Chaves, 1994, p. 47).
3ª HIPÓTESE: Casa grande = o conjunto dos dois edifícios, sendo o da Av. Pres.
Vargas dependência ou anexo do outro.
Destaco como defensores do ponto de vista acima os intelectuais parnaíbanos
Orfila Lima dos Santos, Elita Araújo e José de Nicodemos Alves Ramos, como se constata nas
seguintes transcrições:
Outro marco foi o Solar Casa Grande, residência dos Dias
da Silva, localizado ao lado da igreja (…)
Raimundo foi assassinado aos trinta e nove anos, sendo que
no anexo do Solar Casa Grande, o edifício voltado para a atual
Avenida Presidente Vargas, na esquina, ainda temos o símbolo
instalado relacionado ao assassinato.
(PARNAÍBA E A NOSSA HISTÓRIA – trabalho de Orfila
Lima dos Santos encaminhado a APAL através da carta datada de 05-
11-1997).
Existe ainda um sobrado de aspecto bem antigo que está
carcomido pelo tempo, anexo à Casa Grande de Simplício Dias – Vista
Alegre, que pertenceu a Manoel Antônio da Silva Henriques, situado na
Presidente Vargas.
Alguns o consideram casarão; outros, não. Sua entrada
principal é para a referida avenida. É quase certo que esse sobrado
pertencia à Casa Grande.
(ARAÚJO, Maria Elita Santos de. PARNAÍBA: O ESPAÇO E
O TEMPO. Parnaíba. Gráfica Sient, 2002, págs. 52/53).
Aqui começou a construir o complexo arquitetônico da Casa
Grande, formado por dois edifícios contíguos, ambos com três andares:
o térreo, destinado ao comércio; e os outros dois, à família. Um virado
para a Rua Monsenhor Joaquim Lopes, atualmente bastante
descaracterizado. O outro voltado para a Rua Grande, que se encontra
destroçado, mas permanece com muitas de suas características, entre
elas um pequeno nicho para colocação de santo protetor.
(RAMOS, José de Nicodemos Alves. PARNAÍBA DE A a Z –
GUIA AFETIVO. Brasília. Multicultural Arte e Comunicação Ltda.,
pág. 78)
IV. CONCLUSÃO
Mais importante do que discutir sobre qual prédio representa verdadeiramente a
Casa Grande – são as conquistas que estão sendo alcançadas no presente, com o tombamento
do centro histórico e paisagístico de Parnaíba e com o início e andamento das obras de
recuperação do sobrado voltado para a Avenida Presidente Vargas.
Com a conclusão da obra, resta saber o que será instalado no prédio reformado:
Museu da Parnaíba? Biblioteca Municipal? Centro Cultural? Arquivo Público Municipal?
Eis aí um assunto pelo qual os parnaibanos devemos nos interessar.
Para facilitar a decisão sobre o uso do edifício em restauração pelo IPHAN na
Avenida Presidente Vargas, lembro que a Esplanada da Ferrovia tem ao seu derredor a
Secretaria Municipal de Educação, A Secretaria Municipal de Cultura, A Secretaria Municipal
de Turismo, O Centro de Eventos Mandu Ladino, o Museu do Trem e a Faculdade de Direito
da UESPI, e para a Esplanada da antiga Estrada de Ferro Central do Piauí estão projetadas
duas obras básicas para a nossa cidade: Biblioteca Pública Municipal, moderna, com
capacidade para 50.000 livros; Arquivo Público Municipal, moderno, com ar condicionado
para a conservação dos documentos e papéis antigos, desgastados pelo tempo.
Lembro finalmente que Parnaíba – Cidade Polo, Rainha do Delta e Cidade
Universitária, com mais de 145.000 habitantes, dos quais 10.000 universitários, não conta
ainda com seu Museu Municipal.
Parnaíba, abril de 2011.
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